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Sou
santista de nascimento, passei toda a infância e fui criado nesta cidade, só
precisei me ausentar daqui durante os três anos em que morei em Peruíbe, por
conta do trabalho do meu pai, onde fiz todo o ensino médio. Voltei para Santos
para cursar a faculdade e, atualmente, moro, trabalho e estou construindo minha
família aqui.
Amo
esta cidade de paixão e sempre digo a todos os meus familiares e amigos: “Não
troco Santos por nenhum outro lugar”. É o local onde joga o meu time de coração
e quero um dia criar meus filhos aqui, porém, tenho pensado muito sobre o nosso
futuro, o da cidade e o meu.
A
descoberta do pré-sal na baía de Santos, há alguns anos, e a esperança de que
as riquezas encontradas a milhares de metros da profundidade tenham influência
aqui em cima trouxeram para cá um crescimento nunca antes visto, o que levou à
construção de diversos novos empreendimentos, tanto para moradia como
empresariais.
Todos
nós estudamos em Geografia que vivemos em uma ilha e ouço sempre os mais velhos
dizendo que “lá pelas bandas do Canal 7, era tudo mangue”... pois bem, nossa
cidade toda, esgoto, luz, água, está instalada sobre uma ilha e será que com
esta quantidade e monstruosidade de prédios que estão sendo construídos, nossa ilha
aguentará?
Já
estamos sentindo um grande efeito deste crescimento desordenado e sem critério
que vem ocorrendo em Santos, o trânsito está cada vez pior e rumores sobre
instituir um rodízio de carros, assim como na Capital, tornam-se cada vez mais
reais.
Sendo
assim, chegamos ao ponto do título do texto, o paradoxo, a dicotomia, o
contraste de pensamento. Há um pouco mais de seis meses, a prefeitura lançou o
projeto Bike Santos, colocando à disposição da população diversas bicicletas,
em diferentes pontos da cidade.
Segundo
Thiago Benicchio, diretor da Ciclocidade (Associação dos ciclistas urbanos de
São Paulo): “A bicicleta ajuda individualmente as pessoas a terem mais
economia, mobilidade e saúde. Coletivamente, ajuda a cidade se locomover melhor
diminuindo o número de carros, desafogando o transporte público e promovendo a
interação das pessoas com o ambiente urbano”. Para Thiago, a maior parte das
cidades está muito atrasada com relação a aproveitar o potencial das bicicletas
e demoram muito para realizar obras de infraestrutura.
Nesse
sentido, Santos está muito bem estruturada e vem demonstrando certa preocupação
em melhorar as condições para quem usa a bicicleta como meio de locomoção.
Temos ciclovias nas principais avenidas, principalmente na orla, o que torna a
nossa praia ainda mais bonita e convidativa a um passeio. Ao mesmo tempo, as
pessoas poderiam dar mais atenção às “bikes” e deixar os carros na garagem,
incentivando familiares e amigos a seguirem este exemplo.
Por
outro lado, caso estes prédios continuem sendo erguidos, fatalmente levará a
uma situação de caos e a um colapso de todos os serviços básicos: água, luz,
esgoto e transporte.
Portanto,
a população deveria se mobilizar a fim de exigir que a prefeitura investisse
mais neste tipo de política de conscientização ambiental, proibindo a
construção destes arranha-céus, bem como outros empreendimentos que estão
destruindo toda a estrutura, o trânsito e o visual de nossa cidade, transformando
Santos em uma megalópole.
Se
não, de que adiantará incentivar o uso de bicicletas como meio de transporte?
Eis aí um perigoso paradoxo!
OBS:
entrevista com o Diretor da Ciclocidade, Thiago Benicchio, extraída do diário
esportivo LANCE!, do dia 8/5/13, página 15, em matéria sobre o jogo Santos FC x
Joinville (SC), considerada esta a cidade das bicicletas, sendo que lá existem
mais de 70Km de ciclovias construídas e 80% da população utiliza este tipo de
transporte no dia a dia.
( Rafael Oliveira de Abreu, ADM, noturno )
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