Este post discute um outro malefício advindo de mais um lamentável ataque terrorista, que é fomento ao preconceito contra os muçulmanos de forma generalizada. Urge a reflexão!
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Muito
se fala sobre o ataque na França que deixou 129 mortos e cerca de 350 feridos.
O que pouco se fala e deveria ser dito é sobre as consequências disso para a
comunidade muçulmana na França e em outras partes do mundo. Em tempos de tensão
com os ataques terroristas que envolvem a religião islâmica, toda a atenção
recai sobre os muçulmanos. Tudo isso eleva ainda mais o temor de uma onda de
“islamofobia” e perseguição.
A
comunidade muçulmana condena veementemente os ataques e diz que os que praticam
atos terroristas não representam o Islã, nem os muçulmanos. Para quem não sabe,
o próprio nome Islã vem da palavra salam,
que significa paz. A religião islâmica prega a questão da paz, da tolerância,
do respeito, de respeitar o direito do outro, ter consideração pelo outro,
colocar-se no lugar dele e isso é seguido pela grande maioria dos muçulmanos.
O
islamismo é a segunda maior religião da França ficando atrás somente do
catolicismo. São seis milhões e meio de fiéis que correspondem a 10% da
população. Apesar de ser o país com a maior comunidade muçulmana da Europa, segundo a revista Época, uma pesquisa divulgada ano
passado pelo jornal Le Monde revelou
que 74% dos franceses consideram o islamismo “intolerante” e “incompatível” com
a cultura francesa.
Às
vezes, é necessário colocar-se no lugar do próximo para compreender melhor a
situação. Para entender como é ser muçulmano na França, é só pensar que o país
é uma porta de entrada de muitos imigrantes vindos principalmente de países
islâmicos do norte do continente, que, com pouca ou quase nenhuma oportunidade de
emprego e de estudo, acabam não se integrando à sociedade francesa. E, a cada
ataque terrorista, fica mais difícil para estes homens serem vistos como
cidadãos franceses, e não como suspeitos.
A
população que segue o islã tem, por exemplo, menos chances de encontrar um
trabalho. Segundo a Folha
de São Paulo, uma pesquisa da universidade Stanford, realizada em
2010, mostrou que um muçulmano de origem africana tem 2,5 vezes menos chances de
ser chamado a uma entrevista de emprego que um cristão francês de mesma
qualificação e origem.
Ainda segundo o jornal, outra pesquisa realizada pelo
Observatório da Islamofobia mostrou que, em 2013, houve 691 atos contra
muçulmanos e suas instituições na França, o que corresponde a um aumento de
47,3% em relação ao ano de 2012.
É fato
que o terrorismo é imediatamente associado aos muçulmanos. Por conta disso,
aumenta a pressão para que leis de imigração e censura sejam cada vez mais
rígidas. Isso afeta pessoas que nada têm a ver com o extremismo. O crescimento
das forças anti-Islã preocupa os muçulmanos da França.
As
palavras têm poder, então temos que tomar muito cuidado, quando falamos que o
Islã “também tem pessoas de bem”, porque parece que a regra geral é o
terrorismo, quando, na verdade, é o contrário. A regra geral é a paz, é a
solidariedade, as pessoas que fazem o mal é que são exceção. Não podemos julgar
um grupo por essas pessoas, nem tachar isso de terrorismo islâmico. Dessa
forma, estaremos apenas criando ainda mais preconceito.
Fontes:http://m.folha.uol.com.br/mundo/2015/01/1573509-muculmanos-franceses-relatam-sofrer-preconceito.shtml?mobile e http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2015/01/binimigo-binterno.html
(Raphael Caprile, Ciências Contábeis)